Sindicato mantém greve no Maracanã e manda operários para casa
Maria Clara Serra e Pedro Ivo AlmeidaNo Rio de Janeiro
A sexta-feira amanheceu tensa nos arredores do Maracanã, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Lutando por melhorias nas condições de trabalho das obras no estádio, cerca de mil operários se reuniram em frente ao portão 13 com caminhão de som e muita disposição para reivindicar. A paralisação continua e o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) marcou uma audiência de conciliação entre os trabalhadores e o Consórcio Maracanã 2014 para a próxima segunda, às 13h.
A manifestação desta manhã deu um nó no trânsito da Avenida Maracanã e cerca de sete viaturas da Polícia Militar, além de guardas municipais, fazem a contenção dos trabalhadores. Sobre o caminhão de som, o presidente do Sitraicp (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada), Nilson Duarte, mandou os trabalhadores para suas casas e garantiu que ninguém volta a trabalhar se as reivindicações não forem atendidas.
"Vamos dar a chance a quem é de direito que converse com a gente. Não adianta ceder às pressões públicas e continuar essa indignação. Temos que manter a paralisação. Só assim as condições de trabalho poderão melhorar. Vamos tomar como exemplo o caso do Mineirão. Estamos de braços cruzados até que os pedidos sejam atendidos. Não vamos recuar. A greve não é por acaso. Vamos lutar pelos nossos direitos", disse Nilson em discurso para os trabalhadores, se referindo a manifestação em Belo Horizonte, onde os operários do Mineirão pararam de trabalhar por cinco dias e, após audiência de conciliação, conseguiram aumento salarial e na cesta básica, participação nos lucros, plano de saúde e adicional de 100% para horas extras.
A greve no Maracanã começou na madrugada da última quinta. No final da tarde, o Consórcio Maracanã 2014, formado pelas empresas Odebrecht, Delta e Andrade Gutierrez, emitiu nota afirmando que a greve era abusiva:
"A nova paralisação ocorre 10 dias após o Consórcio chegar a um acordo com representantes dos trabalhadores. dessa forma, o Consórcio entende não haver motivo para o movimento e decidiu buscar a Justiça do Trabalho para que a paralisação seja declarada abusiva".
No acordo anterior, as empresas se comprometeram a aumentar o vale-refeição de R$ 110 para R$ 160 e dar plano de saúde aos trabalhadores, mas prometeram uma nova elevação na alimentação e a ampliação do plano para os familiares dentro de um período de três meses. Os operários reclamam agora da má qualidade da comida servida na obra e da falta de um profissional para auxiliar os trabalhadores. Eles querem o aumento do vale-refeição para R$ 180 e atendimento de saúde para os familiares imediatamente.