“Homicídio de negro no Brasil é 132% maior”, diz matéria do Estadão, publicada em 30/11. O título demonstra a persistência da violência racista e desmente parte da euforia oficial pelas “conquistas sociais” que estaríamos presenciando.
A matéria refere-se ao Mapa da Violência, lançado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. O estudo cobre o período de 2002 a 2010, com dados do Sistema de Informações de Mortalidade, do Ministério da Saúde.
O levantamento mostra que o número de homicídios de brancos caiu 25,5% no Brasil, entre 2002 e 2010. Mas o de negros aumentou 29,8%. Mas há situações mais graves quando olhamos para dentro dos dados.
É o caso dos números no Nordeste. Na Paraíba, por exemplo, o assassinato de negros foi 1.824% maior. Mas mesmo onde a situação é menos grave, ainda é feia. Em São Paulo, o total de negros assassinados foi 32% maior do que o de brancos.
Entre as capitais, Salvador fica em primeiro com 1.659 vítimas negras, em 2010. Mas a “pacificada” cidade do Rio de Janeiro vem em segundo lugar, com 1.078 homicídios.
Os jovens negros formam outro público-alvo, literalmente. Entre os brancos de 15 a 29 anos, houve redução de assassinatos em 33%, contra um aumento de 23,4% para jovens negros.
Difícil não concordar com Douglas Belchior, membro da Uniafro e do Comitê de Luta contra o Genocídio da Juventude Negra: “Isso é reflexo de 500 anos de história, boa parte dela com escravidão e até hoje com negação de direitos. A morte de negros é tolerada e não choca".
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