domingo, 12 de junho de 2011

No BNDES, cinco empresas levam 7% dos financiamentos


BNDES não aposta na inovação, critica o economista Maurício Dias David (foto: Nando Neves)


Banco concentra empréstimos em poucos mesmo quando não há retorno
Ano passado, 28% dos empréstimos do BNDES foram absorvidos pelo setor de alimentos, seguido das empresas de etanol (15%) e as multinacionais fabricantes de veículos (10%). A concentração se repetiu no que tange ao número de empresas. 

A Vale, com R$ 4,6 bilhões, liderou a lista, seguida da Usina Santo Antônio (R$ 3 bilhões); Valepar (R$ 1 bilhão), Siderúrgica Barra Mansa (R$ 865 milhões) e Braskem (R$ 780 milhões). Somadas, as cinco primeiras empresas sozinhas abocanharam cerca de 7% dos financiamentos do banco em 2010. 

Esta semana, chamou a atenção a aprovação de mais um financiamento bilionário: R$ 2,7 bilhões para a Eldorado Celulose e Papel, ligada ao frigorífico JBS, de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Os recursos serão destinados, segundo o BNDES, "à construção da maior fábrica de celulose do mundo, com produção de 1,5 milhão de toneladas por ano de celulose branqueada de eucalipto". 

O banco calcula que o empreendimento como um todo vai gerar mil empregos diretos e quatro mil indiretos. Em 2008, o JBS pegou R$1,1 bilhão de empréstimos com o BNDES. Em 2009, foram mais R$ 3,5 bilhões, e, em 2010, R$ 200 milhões. 

No entanto, o economista Maurício Dias David tem dúvidas se essa é a melhor estratégia: "Apoiar as empresas chamadas pelo banco de "campeãs nacionais", tudo bem. Mas que expertise a JBS tem nesse setor?", pergunta, questionando se a localização do empreendimento é adequada à exportação. 

"O BNDES prefere financiar grandes projetos, em vez de parcelar em muitos outros pequenos. Não aposta na inovação e põe um caminhão de dinheiro numa empresa que nunca plantou um eucalipto. É quase como emprestar para a área financeira. E se houver reviravolta no câmbio, por exemplo?", indaga.