Cinco meses após tragédia das chuvas, moradores de Teresópolis aguardam por obras
RIO e TERESÓPOLIS - O cenário de devastação pouco mudou para os moradores do Parque do Imbuí, em Teresópolis, cinco meses após a chuva que deixou 916 mortos na Região Serrana do Rio. Mesmo com investimentos do governo do estado do Rio e da prefeitura para reconstrução das áreas afetadas, a população reclama da lentidão nas obras no bairro - e os próprios órgãos públicos ainda não têm previsão de data para o começo de eventuais obras.
De acordo com o leitor Danilo Schinke, há diversos pontos com risco iminente de deslizamento, além de crateras que atrapalham a circulação de carros e pedestres pelas ruas.
"Continuamos completamente abandonados pelo Estado e a mercê de novos desabamentos com qualquer chuva. Mesmo sendo um bairro de classe média-alta e com um dos maiores IPTUs da região, o Imbuí não está relacionado entre os locais a serem atendidos. Após diversas reuniões e pedidos para a prefeitura, os moradores não conseguiram nem um sinal de ajuda", denunciou o leitor.
A passagem do Rio Imbuí pelo contorno do bairro é outro agravante apontado por Schinke. Segundo ele, a ponte é a única forma de circular pela área, mas está com a estrutura instável.
"Se não arrumarem logo, vamos ficar ilhados com uma chuva fraca. O rio também precisa ser avaliado para evitarmos outra tragédia", advertiu.
De acordo com Schinke, foi entregue ao Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) uma representação popular na qual moradores do bairro pedem a vistoria da ponte e obras de contenção e recuperação de encostas em áreas de risco. As reivindicações foram feitas com base em estudos encomendados pelos próprios moradores do Parque do Imbuí, nos quais engenheiros dizem que a situação é emergencial. Segundo a promotora Anaiza Miranda, do MPRJ, a representação foi recebida na última sexta-feira (17), e uma decisão sobre um possível inquérito deve sair até o final de junho.
A Prefeitura de Teresópolis informou que o bairro Parque do Imbuí está incluído no plano de recuperação do município, mas ainda aguarda a divisão de tarefas entre os órgãos competentes. Ações de vistoria e elaboração de relatórios foram realizadas pela Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop) e enviadas para a Secretaria de Obras e Serviços Públicos de Teresópolis. Contudo, ainda não há previsão para o início dos trabalhos.
Por e-mail, a Emop afirmou que já foram contratadas as primeiras obras, de acordo com as prioridades estabelecidas pelas prefeituras das cidades atingidas pelas chuvas. No caso de Teresópolis, serão feitas 11 contenções de encostas em um primeiro momento.
Em relação à ponte sobre o Rio Imbuí, a empresa disse que o governo "está com obra em uma ponte na região, mas não saberia dizer se seria essa ponte". Além disso, segundo a Emop, o recurso para a obra determina que apenas pontes danificadas pelas chuvas sejam incluídas no pacote. Problemas anteriores às chuvas ficam a cargo da prefeitura, o que vale também para as estradas da área, que deverão ser recuperadas apenas após as obras de contenção e recuperação de pontes, já que estas exigem o tráfego de caminhões de grande porte. No total, a Emop dispõe de R$ 37,6 milhões para contenção de encostas e R$ 7,9 milhões para a reconstrução de pontes em Teresópolis.