quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A SÍNDROME DA EXPULSÃO PROLIFERA NAS OBRAS DO PAC: OUTRO PORTO CAUSA A EXPULSÃO DE AGRICULTORES EM PERNAMBUCO

Para quem pensa que a expulsão de pequenos agricultores de suas terras é coisa que só acontece no V Distrito de São João da Barra, a triste informação é que isto não reflete a verdade. A matéria abaixo publicada no sítio da internet do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra narra as mesmas violências ocorrendo em São João da Barra também nas terras que circundam o Porto de Suape em Pernambuco.

Ali, como em São João da Barra, famílias estão sendo expulsas de suas terras por seguranças privados, recebendo em troca quantias miseráveis por terras que ocupam há gerações.

O trágico nisto tudo é que tanto o Complexo do Açu como o Porto de Suape recebem recursos do BNDES, o que significa que numa sórdida ironia é o dinheiro dos trabalhadores que está financiando a expulsão dos camponeses de suas terras.

Como bem disse a presidente Dilma em passagem por Cuba, o telhado do Brasil no que se refere aos direitos humanos de seu povo, especialmente os dos mais pobres, é totalmente de vidro.


Trabalhadores fecham a PE-60 contra a violência e o desrespeito que vêm sofrendo
2 de fevereiro de 2012


Da Página do MST


Cerca de mil trabalhadores protestam na rodovia PE-60, estrada que dá acesso ao porto de Suape (PE), contra a violência que vêm sofrendo. Os moradores e pescadores que moram nos engenhos que estão na região de Suape estão sendo expulsos pelos seguranças privados do complexo e suas estão sendo casas demolidas. 

Aproximadamente 6 mil pessoas que moram nos 26 engenhos que fazem parte da área, onde está sendo construído o complexo industrial e portuário de Suape, estão sendo despejados para ampliação das obras da refinaria e das empresas que estão se instalando no local.

O protesto pretende denunciar a forma arbitrária como vem acontecendo os despejos, as milícias armadas e a pistolgem que vem aterrorizando os trabalhadores, além da falta de diálogo com o governo. 

Os trabalhadores denunciam que as poucas indenizações que houveram são pagas com valores irrisórios, chegando a R$ 5 mil, e as pessoas que moram e trabalham na região há muitos anos não têm para onde ir.

Os trabalhadores receberam o apoio do MST e dos trabalhadores do Porto que se somaram ao trancamento da via desde às 6h da manhã desta quinta-feira (2), e garantem que não vão sair do local até que o governo e a direção do complexo de Suape atendam a pauta.

Além da violência da pistolagem, os trabalhadores agora temem a agressão da polícia. Já há um grande número de policiais do batalhão de choque e um helicóptero que sobrevoa a área. 

Nos últimos tempos os protestos dos trabalhadores são marcados pela violência da polícia militar de Pernambuco, que usa bombas e balas de borracha para reprimir as mobilizações.