quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

MATÉRIA DA FOLHA DA MANHÃ SOBRE A EXPULSÃO DE FAMÍLIAS NO V DISTRITO DE SÃO JOÃO DA BARRA TRAZ VERDADES DOS PRODUTORES E MENTIRAS DA CODIN

A matéria abaixo publicada pelo jornal Folha da Manhã trata da expulsão de 03 famílias que ocorreu no dia de hoje na localidade de Água Preta no V Distrito de São João da Barra. Notem que a matéria diz de forma contudente que essa expulsão atingiu 15 pessoas — entre crianças, idosos e deficientes físicos e mentais!

Essa matéria traz  ainda verdades e mentiras. As verdades ficam por conta dos agricultores que estão sendo expulsos pelo governo Sérgio Cabral de suas terras que as entrega de bandeja para o Grupo EBX do bilionário Eike Batista. As mentiras ficam por conta dos representantes da CODIN que para melhor servir aos interesses corporativos do Sr. Eike Batista transforma agricultores em invasores e ainda tem a cara de pau de insinuar que esses trabalhadores do campo são mentirosos oportunistas.

O interessante é que a manchete expressa de maneira cabal as verdades e mentiras do que está sendo imposto à população do V Distrito quando diz que "uma reintegração de posse foi efetuada" (o que é peculair porque a reintegrada é a LLX que está recebendo a terra praticamente de presente do governo Sérgio Cabral" com revolta da comunidade (o que é totalmente verdade). Aliás, quem não fica revoltado com tamanha covardia. Provavelmente os mesmos que a  realizam e ainda se sentem à vontade para tentar disseminar inverdades contra os que estão sendo expulsos de terras que ocupam há várias gerações.

E que ninguém se engane com a suposta bondade prometida pela LLX de alojar provisoriamente a família expulsa da terra na localidade de Mato Escuro.  Os diretores da LLX sabem perfeitamente que, cedo ou tarde, o que está acontecendo no V Distrito de São João da Barra alcançará esferas superiores, dada a quantidade de ilegalidades que estão ocorrendo. Ao tentar fingir preocupação com essa situação vexatória a que as famílias estão sendo submetidas,  a LLX está apenas tentando tirar o corpo fora das futuras ações que deverão correr na justiça, deixando tudo no colo dos técnicos da CODIN. Mas é preciso que fique claro que neste história os únicos mocinhos são os agricultores e suas famílias.

Como bem apontou a agricultura que estava sendo expulsa de suas terras: essa desapropriação acontece em nome do tal progresso? Como fica a dignidade das pessoas?


Mais uma reintegração posse efetuada no Açu com revolta da comunidade
Ulli Marques

“Essa desapropriação acontece em nome do tal progresso? A nossa dignidade está sendo violada e o respeito que deveria existir para com a população não está sendo cumprido”. Essas palavras saíram da boca de uma das 50 pessoas que estariam impedindo a retirada de mais uma família de suas terras na manhã de ontem no 5º Distrito de São João da Barra.


Cerca de 60 Policiais Militares armados, Corpo de Bombeiros, Conselho Tutelar, Representantes da Companhia de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro (Codin), LLX e oficiais de justiça atenderam o mandado de reintegração de posse emitido pela Juíza Luciana Cesário de Mello Morais da 1ª Vara de São João da Barra e retiraram as 15 pessoas — entre crianças, idosos e deficientes físicos e mentais — que residiriam nos seis alqueires de terra de propriedade do aposentado Azual Rodrigues, 82 anos, situado na Estrada de Figueiras, próximo à Água Preta. As terras agora fazem parte do Distrito Industrial integrado ao Complexo Portuário do Superporto do Açu.


Segundo os que assistiram o processo de desapropriação, às 6h da manhã a cerca que circundava os alqueires teria sido tombada e o portão arrombado. A cena chocou as pessoas que a assistiram, causando revolta e indignação. A dona de casa Adriana Cristina de Almeida Rodrigues, 40 anos, disse ter sido avisada da reintegração de posse no ano de 2008, mas como o imóvel teria permanecido intacto e a indenização também não havia sido depositada para a compra de novas terras, a família teria permanecido no local. Há cerca de um mês, além dos atuais residentes dos seis alqueires, outras 50 pessoas, convalescentes à causa, acamparam nas terras, impedindo a desapropriação da Codin e da LLX.

— A questão levantada aqui vai muito além de dinheiro e de progresso visando o futuro do município de São João da Barra. Moro nessas terras desde que nasci e aqui criei meus filhos, garantindo o nosso sustento através da produção rural. Hoje, sem que houvesse um acompanhamento digno, nós vimos os nossos anos de trabalho e história sendo jogados no lixo — lamentou Adriana.

A LLX teria cedido provisoriamente para a família uma residência com sete cômodos em Água Preta, até que os documentos que comprovam a posse de Azual fossem apresentados à justiça e, posteriormente, o dinheiro da desapropriação fosse depositado. 

Em nota, a assessoria de imprensa da Companhia de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro (Codin) informou que a área desapropriada na manhã desta quinta- feira estaria sendo ocupada irregularmente desde o final do ano passado e que faz parte das 151 propriedades rurais que a Justiça desapropriou para a Codin criar o Distrito Industrial de São João da Barra. A assessoria disse ainda que, destas 151 propriedades desapropriadas, somente 16 tinham famílias residentes no local, que foram adequadamente reassentadas na Vila da Terra, localizada em Palacete, em áreas maiores do que às que habitavam, em casas equipadas e mobiliadas, com assistência para produção agrícola.

As famílias que apresentaram os documentos comprovando a posse teriam sido indenizadas e as demais tiveram o dinheiro da desapropriação depositado em juízo. A respeito do caso da família em questão, a Codin disse que o ocupante da área invadida, senhor Azual Rodrigues, não residia no local na época da desapropriação e já teve 85% de sua totalidade vendida pela Codin para a LLX.