quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

PINHEIRINHO: UM MASSACRE SEM FIM 


Os tucanos que ocupam a Prefeitura de São José dos Campos parecem ter mesmo ficado irritados com a resistência e a organização política dos moradores do Pinheirinho. Isto é até compreensível porque os partidos burgueses detestam que os trabalhadores se levantem e vençam as amarras da apatia e da inércia que resulta da opressão cotidiana que lhes é imposta pelos representantes do capital.

O que não poderá ser mais compreensível é que os ocupantes de poderes democráticos descarregam contra uma parcela da população tanto ódio de forma impune. A imprensa corporativa está falando cada vez menos dos problemas causados pela repressão desencadeada para remover os moradores do Pinheirinho de suas casas. 

Vejamos alguns exemplos do que está acontecendo e que surpreendentemente não merece a devida atenção dos mesmos analistas que fingem se contorcer em raiva pela defesa dos direitos humanos em Cuba. 

1. As crianças que moravam no Pinheirinho não estão podendo ser matriculadas ou rematriculadas nas escolas e creches de São João dos Campos por não possuírem endereço fixo, já que muitos estão abrigados nos fétidos abrigos da Prefeitura da cidade.

2. Uma parcela significativa dos habitantes do Pinheirinho foi deixada de fora dos benefícios de um projeto enviado pelo Prefeito para custear o chamado "aluguel social" por terem se recusado a se mudar para os abrigos fétidos onde a Prefeitura empilhou milhares de seres humanos sem as condições mínimas de higiene, atendimento médico e alimentação.

3. Os tratores da Prefeitura destruíram moradias com os parcos bens possuídos pelos habitantes do Pinheirinho, numa clara violação ao direito de que eles tinham de reaver bens que foram comprados legalmente, o que significa que aqueles eram propriedade privada, e não poderiam ter sido simplesmente soterrados e incinerados.

4. A remoção das quase 2.000 famílias ocorreu sem que haja um plano de contingência para abrigá-los e as unidades habitacionais planejadas não estão alocadas para elas. De quebra, o aumento da demanda por imóveis de aluguel para famílias pobres, os preços praticados em São José dos Campos aumentaram de forma significativa.

Como todas essas consequências da ação violenta e autoritária da Polícia Militar de São Paulo eram de conhecimento objetivo de quem ordenou a desocupação, a única explicação possível é de que haja uma espécie de punição coletiva contra os moradores do Pinheirinho.

E nisto tudo, de nada adiantam as apropriações eleitorais do evento por parte do governo federal que, por um lado, condena verbalmente o PSDB mas que, por outro, assiste tudo de forma passiva no que ganha contornos de cumplicidade.

Mas o que interessa mesmo é a situação dos moradores do Pinheirinho. A única coisa que irá melhorar sua caótica situação é a manutenção da pressão sobre os diferentes níveis de governo. Do contrário, é certo que eles continuarão amargando o pesado custo de terem resistido à ação dos tucanos paulistas.