quarta-feira, 2 de novembro de 2011

MARCELO FREIXO NÃO É FROUXO. FROUXA É A RELAÇÃO ENTRE O GOVERNO CABRAL E AS MILÍCIAS

Há quem veja na saída de cena do deputado Marcelo Freixo um ato de fraqueza pessoal. Em suma, Marcelo Freixo seria, na verdade, um frouxo.  Mas como o conheço um pouco, sei que Freixo de frouxo não tem nada. Se está indo para a Europa a convite da Anistia Internacional é quase certo que algumas coisas o tenham levado a essa saída momentânea da cena política fluminense.  Uma delas, e a mais evidente, é a incapacidade e até mesmo a falta de vontade política do governador Sérgio Cabral em igualar as milícias aos grupos narcotraficantes tradicionais. Uma evidência disto é que ao contrário dos narcotraficantes tradicionais, os líderes das milícias continuam presos em locais de onde saem pela porta da frente ou que quando dentro deles podem promover festas homéricas regadas a álcool e outras coisas mais.

Mas quem há de estranhar essa passividade de Sérgio Cabral com as milicias? Como Marcelo Freixo bem indicou existem provas claras de que membros de milícias possuem cargos gratificados dentro de secretarias estaduais. Se tal convivência é possível nos DAS, quem há de esperar que o Estado reprima as milícias?

Por outro lado, a saída de Freixo visa, ao meu entender, embaraçar o Estado brasileiro que fora de nossas fronteiras posa de moderno e democrático. Assim, essa viagem ao exterior permitirá mostrar a plateias mais interessadas o que de fato anda acontecendo no Rio de Janeiro onde em vez de preparações para tornar a realização dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo oportunidades de equalização social, o que se assista é um avanço desenfreado da especulação imobiliário e à ação livre de grupos paramilitares que perseguem e eliminam quem se levanta contra este estado de coisas.

Finalmente, eu prefiro que Marcelo Freixo seja cuidadoso com sua segurança e continue vivo para continuar sua luta política. Heróis mortos podem até ser confortáveis de serem tolerados para quem analisa a história na segurança de quatro paredes, mas é péssimo para quem depende de lideranças que ousem afrontar o status quo. E de heróis mortos o Brasil está cheio. Melhor que um deles continue vivo e incomodando quem se locupleta com o bem comum.