sábado, 30 de abril de 2011

Agrotóxicos: longe dos olhos e dentro dos alimentos que consumimos




     Já está estabelecido que a grande mídia não se pauta necessariamente por fatos que sejam efetivamente relevantes para os grandes problemas que ocorrem na sociedade humana.  Aliás, como qualquer empresário operando num sistema que visa o lucro, os donos de veículos de imprensa acabam ressaltando ou suprimindo agendas de acordo com seus interesses de classe social.  E apesar de eticamente questionável, visto que a ação da imprensa deveria ser voltada para apresentar fatos e não versões de uma dada realidade, isto chega a ser tolerável quando o assunto não é algo de importância estratégica para o bem estar de todos os cidadãos que compõem a sociedade em que estão inseridos.  Caso contrário, a omissão de elementos que permitam uma avaliação compreensiva de problemas que nos afetam coletivamente transpõe o campo do que pode ser tolerado.
    Um exemplo gritante dos prejuízos da parcialidade da cobertura jornalística está acontecendo neste momento no Brasil. E no centro deste problema está a questão do consumo de agrotóxicos e seus efeitos sobre a saúde de agricultores e dos consumidores finais da produção que é por eles gerada. Esta situação é explicitada pelo fato nada lisonjeiro de que desde 2009 o Brasil se tornou o campeão mundial no consumo de agrotóxicos, e sozinho consome 16% de toda a produção mundial deste tipo de substância química. As conseqüências deste alto padrão de aplicação estão sendo documentadas por estudos científicos que mostram impactos agudos e crônicos sobre agricultores, e que aparecem na forma de uma série de doenças e patologias que incluem diferentes tipos de carcinomas, doenças do sistema nervoso e dermatoses. A coisa fica ainda mais aflitiva se considerarmos que entre as descobertas mais recentes se encontram a descoberta de resíduos de agrotóxicos em leite materno e a ocorrência de alterações cromossômicas que estão alterando as taxas de nascimentos de meninos e meninas.  Aliás, em se tratando de detecção de resíduos, aqui mesmo em Campos estudos realizados por pesquisadores da Uenf encontraram vestígios de pelo menos um agrotóxico, de uso abundante na monocultura de cana, na água que chega às nossas torneiras.
    No entanto, algo mais abrangente em termos do público atingido vem sendo detectado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na análise dos alimentos que chegam à nossa mesa.  Dados divulgados pela ANVISA em 2009 mostraram que em mais de 64% das amostras de pimentão analisadas foi detectada a presença de agrotóxicos.  Mas o problema não fica restrito a uma cultura, visto que nos casos do morango, da uva e da cenoura o montante de amostras contaminadas alcançou 30%. Se considerarmos que o uso intenso de agrotóxicos é hoje elemento intrínseco da produção agrícola nacional, não fica difícil entender por que muitos itens que compõem a nossa dieta cotidiana estão contaminados.  Ainda que a taxa de acumulação derivada de frutas e hortifrutigranjeiros contaminados por agrotóxicos possa variar em função dos hábitos alimentares de cada individuo, as chances de que todos estejam caminhando para nos tornar cronicamente contaminados estão ficando cada vez maiores.
     Mas onde é que entra a grande imprensa neste imbróglio? Um primeiro aspecto é que esta problemática está sendo mantida fora das pautas principais, e quando aparece é fruto de algum tipo de acidente grave como foi o do derrame de milhões de litros de Endosulfan na calha fluvial do Rio Paraíba do Sul.  Além disso, não há um tratamento jornalístico sério que busque ligar a questão do consumo de agrotóxicos e de suas implicações sobre a saúde de toda a população brasileira. Mas algo que eu considero ainda mais vexatório é o fato de que quando chamada a contribuir no esforço que a sociedade civil está realizando neste momento para informar a população brasileira sobre o perigo que estamos correndo, a grande imprensa se omite no papel primordial que deveria cumprir que é o de informar. 
     É por esta postura da grande mídia que a imensa maioria dos brasileiros continua desinformada acerca da existência da “Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida que foi lançada em Brasília em 07 de Abril de 2011 por mais de 20 entidades da sociedade civil brasileira, movimentos sociais, entidades ambientalistas e grupos de pesquisa cientifica.  Esta campanha, pela importância que tem para todos nós, precisa ser conhecida e divulgada por todos os que possuem um interesse efetivo em garantir o direito de uma alimentação saudável. Para tanto, precisamos parar de aceitar passivamente a manutenção de um modelo de produção agrícola que beneficie principalmente as corporações multinacionais produtoras de agrotóxicos e o latifúndio agroexportador.  E aqui é preciso ficar claro que uma tomada de posição contra o envenenamento coletivo por agrotóxicos é a coisa mais lógica a ser feita, visto que os custos sociais e ambientais não respeitam fronteiras de classe social. Aliás, dado que o nível de consumo é ditado pela renda, é bem possível que os setores mais abastados da população brasileira é que estejam neste momento sendo os mais contaminados. Pense bem nisto ao olhar para o seu próximo prato de salada. 

sexta-feira, 29 de abril de 2011

POR QUE OS GOVERNOS TÊM MEDO DO WIKILEAKS?

Há hoje uma campanha internacional para calar o WikiLeaks (http://www.wikileaks.ch/wiki/Main_Page) que é uma ferramenta de distribuição de documentos secretos sobre as ações feitas pelos governos mundiais, e cuja manutenção sobre segredo só interessa aos que diariamente utilizam a força do Estado-Nação para impor condições terríveis de existência para a maioria da Humanidade. 

Afinal de contas, qual governo deveria realmente temer que o funcionamento do aparelho de Estado continue sendo algo que a maioria de nós não tem a menor noção do que significa? Por que o medo de que determinadas situações saiam da obscuridade e possam ser examinadas de forma crítica e objetiva pelos cidadãos de todo o mundo?

Essas são perguntas que, por si sós, tornam a existência do WikiLeaks algo revolucionário na história da civilização humana.. Podemos até não termos essa noção neste momento, mas com certeza os que ocupam o poder já notaram o perigo que correm. Não fosse assim Julian Assange (um dos criadores do WikiLeaks) não estaria sendo tão duramente perseguido por acusações de abuso sexual por mulheres que aparentemente consentiram manter relações sexuais com ele em primeiro lugar. Enquanto isto, Silvio Berlusconi promove orgias sexuais e faz a Itália participante da aventura armada na Líbia!

Por isto é que se pergunta: por que os governos tem tanto do medo do WikiLeaks?

quinta-feira, 28 de abril de 2011

A COPA DO MUNDO É NOSSA, MAS MAIS DE UNS DO QUE DE OUTROS




"Arranjo agora esboçado pelo governo para problema dos aeroportos evidencia grave erro de fazer a Copa", avalia Jânio de Freitas




Artigo  no jornal Folha de S. Paulo, 28-04-2011.


A cada conferência séria às obrigações para realização da Copa em 2014, mais se comprova que esse compromisso foi buscado pelo Brasil em ocasião imprópria, para data prejudicial e por motivos alheios ao mais conveniente para o país. O presente impulso de crescimento econômico e redução da injustiça social deveria receber todos os bilhões e centavos exigidos pela Copa que não perderia, muito ao contrário, por esperar uns anos mais.

O arranjo agora esboçado pelo governo federal para o problema dos aeroportos iguala solução para já e problema para depois, como mais evidência do grave erro de fazer aCopa. Destinar alguns bilhões aos aeroportos ao tempo em que é aplicado um programa de contenção de gastos federais, por força das circunstâncias, seria tão incabível quanto aguardar por disponibilidade financeira para as obras. Faltam 37 meses para a Copa.

Vem o remendo da falsa salvação. Em lugar de projetos, concorrências e obras com os olhares postos no que se espera do futuro de longo prazo, apenas são admissíveis projetos de realização menos demorada, com os balangandãs da enganação habitual. E, para efetivá-los, a entrega por concessão às empresas que assumam custo e realização das obras, do que já existe (feito com dinheiro público) e do que venha a somar-se.

O tão citado problema dos aeroportos e sua concessão referem-se, a rigor, à precariedade das estações de passageiros, os chamados terminais. Da exploração deles -as taxas pagas por passageiros, o aluguel e o uso de lojas, áreas e serviços pagos pelas empresas aéreas- os concessionários recuperarão os investimentos nas obras e farão o lucro. Uma fórmula que conduz logo à regra capitalista de que, quanto mais estritos os investimentos, mais rápidos o seu retorno e a entrada nos lucros. Um prenúncio, pois.

Aeroportos de médios a grandes são considerados negócios de alta lucratividade. Graças às receitas dos terminais. Faturamento que, destinado às concessionárias, segundo a fórmula esboçada, deixa ao governo os custos das obras já necessárias nas áreas de operações das aeronaves, em vários aeroportos, e os de sua manutenção e possíveis melhoramentos em todos. 

Gastos a serem cobertos com verbas públicas, ano a ano. Tal como esboçada, convenhamos, a fórmula é para um lado só.

Uma vantagem para o governo, porém, não lhe pode ser negada: a esperteza, voluntária ou não. O governo deixa de ser responsável e cobrado pelas obras e prováveis atrasos, além de outros desagrados a que não hão de faltar os alegados custos das reformas e os períodos das concessões (no Brasil, concessões deveriam ser fixadas em número de vidas ou gerações, não de anos: são até bens de heranças).
NO DIA EM QUE ENCONTREI COM LEONEL BRIZOLA



Ainda que nunca tenha sido um seguidor de suas idéias, creio que é fácil reconhecer que Leonel Brizola era uma figura política ímpar. Tive a oportunidade de encontrá-lo numa única vez, quando durante a greve pela autonomia da UENF em 2001, Brizola veio até o campus que hoje leva o seu nome para apoiar a luta realizada pela comunidade universitária.

Após o encontro pedi ao atual deputado estadual, Roberto Henriques (PR/RJ), que me facilitasse a oportunidade de tirar uma foto com Leonel Brizola, pois queria mandá-la para o meu pai, ele sim um Brizolista fanático, e que se encontrava afetado por uma doença terminal.  Brizola aceitou gentilmente posar comigo e minha irmã. Tive a oportunidade de lhe contar que um dos meus irmãos, nascido em 1965, era seu xará em uma homenagem feita pelo meu pai. Naquele momento, os olhos do velho caudilho marejaram de emoção, e ele me deu um forte aperto de mão com o que agradecendo a homenagem feita a ele por um seguidor desconhecido. Afinal de contas, dar o meu nome de Leonel a uma criança no início de 1965 era, acima de tudo, afrontar os militares que haviam dado um golpe de estado pouco mais de um ano antes de seu nascimento.

Meu pai, ao receber as fotografias por dois de seus filhos, fez algo muito raro em sua vida: chorou, e disse apenas: este é um grande homem.  E também, num momento raro, eu e meu pai concordamos sobre algo. Afinal, Leonel Brizola era realmente um grande homem. Daqueles que não se encontra facilmente na vida política brasileira nos dias de hoje.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O DISCURSO CORPORATIVO EM FAVOR DO MEIO AMBIENTE É UMA FARSA


Desde a realização da Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente em Estocolmo no ano de 1972, as corporações econômicas adotaram o discurso da sustentabilidade ambiental. No entanto, esse aparente compromisso com a manutenção da qualidade ambiental não tem impedido a continua degradação dos ecossistemas naturais, e o constante avanço de processos destrutivos que varreram da Terra centenas de espécies. 

O pior é que este suposto discurso ambientalista tem sido usado pelas corporações para esconder o avanço constante sobre áreas habitadas por populações tradicionais e por grupos que são econômica e politicamente marginalizados no processo de reprodução capitalista.

Um exemplo do uso do discurso ambientalista para avançar agendas conservadoras é o bilionário Eike Batista que declarou recentemente declarou que a preocupação ambiental está no DNA do seu grupo econômico. Se fosse assim, o Grupo EBX não estaria colecionando processos em diferentes partes do Brasil por justamente contribuir para a degradação ambiental e para a expulsão de centenas de famílias de áreas que ocupam tradicionalmente.  E os problemas ocorrendo na região do Açu, no município de São João da Barra (RJ), são apenas a ponta do iceberg dos desmandos do Grupo EBX pelo Brasil afora.

É por isto que devemos estar sempre atentos ao discurso ambiental das corporações. Afinal de contas, as práticas objetivas estão sempre em contradição com o discurso apresentado em conferêncas e feiras de negócios.
CONVITE PARA A CELEBRAÇÃO DO PRIMEIRO DE MAIO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO



AGORA OS PROBLEMAS DAS DESAPROPRIAÇÕES PARA ATENDER O COMPLEXO DO AÇU NÃO TEM PAI?


Das muitas curiosidades que ocorreram no levante dos pequenos proprietários do 5o. Distrito do município de São João da Barra contra a forma vergonhosa que estão sendo tratados pelo governo Sérgio Cabral está a resposta quase prosaica da  LLX  (parte da holding EBX de propriedade do bilionário Eike Batista) que informou, por meio de nota, que “a desapropriação é responsabilidade do Governo do Estado, através da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (CODIN)”.  O gerente da LLX, Edmar Borralho teria ainda declarado que “O Estado é o órgão executor das desapropriações. Trata-se de um ato sumário do governo do Estado”.

Ora bolas carambolas, mas o governo Sérgio Cabral fez o ato de desapropriação de boa parte das terras do 5o. Distrito para atender os interesses de quem mesmo? Com certeza não foi dos pequenos proprietários rurais que correm o risco de serem colocados para fora de seus terras sem quaisquer garantias de que receberão o preço justo pelas terras e pelas melhorias ali existentes.

Em tempo, que o governo municipal de Campos dos Goytacazes e  Eike Batista mudem logo seus planos de passar o novo traçado da BR-101 por dentro do Assentamento Zumbi dos Palmares. Por quê? Ora, porque os problemas ocorridos em São João da Barra vão ficar pálidos frente ao que poderá acontecer se tentarem o mesmo tipo de estratégia com assentados que lutaram e ficaram debaixo de lonas plásticas por mais de dois anos para terem seu pedaço de terra. Imaginar que estes assentados não vão resistir em face da possibilidade de serem ejetados pela terra para atender os interesses de Eike Batista não é sério.
A guilhotina do consumo

terça-feira, 26 de abril de 2011

ACESSO AO AÇU FECHADO NOVAMENTE

Produtores rurais, Codin e LLX reunidos


Uma reunião entre representantes dos produtores rurais, Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin) e LLX, empresa de Eike Batista que constrói o porto está acontecendo neste momento em São João da Barra. O canteiro de obras do Porto do Açu continuou parado, como aconteceu durante toda a segunda-feira. Os produtores rurais do distrito de Cajueiro chegaram a liberar as quatro estradas de acesso ao porto na noite de segunda-feira depois da chegada da Tropa de Choque da PM, mas voltaram a interditar as vias na manhã desta terça-feira com máquinas agrícolas, caminhões e madeiras. Os operários mais uma vez não conseguiram entrar no porto.

Os produtores rurais protestam contra a desapropriação de suas terras para a construção do Porto do Açu. Eles não aceitam os critérios e valores da desapropriação de uma área de 15 mil hectares por onde passará o corredor logístico do porto. Apesar da ostensiva presença da PM na noite de segunda nas áreas de piquete não houve nenhum tipo de confronto.



Porto do Açu: manifestantes irão se reunir com representante da LLX, segundo a PM


Aloysio Balbi
Proprietário rurais fecharam as estradas de acesso ao Porto do Açu/Terceiro
CAMPOS — Mais de 50 homens do 8º Batalhão da Polícia Militar de Campos estão neste momento na localidade de Pipeira 5º Distrito de São João da Barra, no Norte Fluminense, que dá acesso ao Porto do Açu. O comando em Campos teria recebido ordem para desobstruir as quatro estradas que dão acesso ao local. Os produtores rurais protestam contra a desapropriação de suas terras para a construção do Porto do Açu. O major Maxwell, que comanda os policiais que estão no local, conseguiu que um representante da LLX, empresa responsável pelo porto, se reúna com os manifestantes. A Tropa da Choque da PM em Campos estaria de sobreaviso para intervir. Na área dos piquetes, já existem reboques e pelo menos quatro caminhões de combate a incêndio do Corpo de Bombeiros de Campos.
O vice-presidente da Associação dos Produtores Rurais e Imóveis de São João da Barra (Asprin), Rodrigo Santos disse que apesar do grande aparato policial o clima não é tenso. Ele acrescentou que os produtores rurais estão dispostos a manter os piquetes. Os advogados Jailson Damasceno e Antônio Maurício Costa foram chamados pelos agricultores para ajudar nas negociações.
As obras no Complexo Portuário do Açu, empreendimento do empresário Eike Batista que deve resultar no terceiro maior porto do mundo, estão totalmente paralisadas desde a madrugada desta segunda-feira. Os trabalhadores do turno da manhã não conseguiram entrar no canteiro de obras depois que produtores rurais do distrito de Cajueiro, no município de São João da Barra, bloquearam as estradas de acesso com carroças, madeiras e animais. Caminhões que estavam levando materiais para as obras foram retidos nas barreiras montadas pelos agricultores.
O protesto começou por volta de 4h e ocorre contra a desapropriação feita pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin) nas terras destes agricultores para permitir obras de infraestrutura do acesso ao porto. Eles reclamam que as desapropriações foram feitas aleatoriamente e que a maior parte ainda não recebeu as indenizações e querem negociar diretamente com Eike. Ao todo, são cerca de 1.500 famílias que têm em média, cada uma, quatro hectares de terra.
O vice-presidente da Associação dos Produtores Rurais e Imóveis do Município de São João da Barra (Asprim), Rodrigo Santos, disse que, sem diálogo, o movimento pode se estender até sexta-feira.
-Os produtores rurais querem ter o direito de até não vender a terra se acharem que não devem vender. O grupo do Eike já tem o suficiente para o complexo do porto - afirmou. - Vamos permanecer aqui até negociarmos diretamente com a direção da LLX responsável pela construção do porto - disse ainda.
Os proprietários fazem um churrasco coletivo nos pontos de piquete. A Polícia Militar está no local.
-Os produtores rurais estão doando bois e o churrasco é para alimentar os companheiros que vão se revezar nos piquetes – disse Santos.
A LLX informou ter pedido aos funcionários que não se desloquem para o porto nesta segunda. A empresa diz que a paralisação não traz problemas porque as obras estão adiantadas. A empresa diz ainda que está aberta para negociar, mas que a área foi desapropriada pelo Governo do Estado.
No fim de março, cerca de 300 homens que trabalham na construção do terminal marítimo de minério de ferro do Porto do Açu bloquearam com pneus e galhos de árvores a estrada que dá acesso ao porto. Eles reivindicavam o pagamento do adicional de 30% de periculosidade e aumento salarial. A greve foi encerrada um dia depois do início do movimento, após acordo com a empresa.
O Porto do Açu deve se tornar o terceiro maior do mundo com investimentos de R$ 787 milhões previstos somente neste ano. A previsão é que comece as atividades no segundo semestre de 2012.

domingo, 24 de abril de 2011

sábado, 23 de abril de 2011

NO CAMINHO DA REFORMA AGRÁRIA APARECEU UM CORREDOR LOGÍSTICO



     Ao se completarem quinze anos do massacre de Eldorado dos Carajás, cujo saldo foi de 19 mortos e 69 feridos, a constatação que se pode fazer é que muito pouco mudou na forma com que o Estado brasileiro trata a questão da concentração da propriedade da terra. E pior, quando tem de intervir para resolver os conflitos causados por esta herança do Brasil colônia, o Estado intervém como um verdadeiro braço armado que não poupa os que se atrevem a desafiar o status quo fundiário. Tal situação é evidenciada pelo fato de que, no caso de Eldorado, apenas dois oficiais foram condenados pelo massacre  ocorrido em frente às câmeras de televisão, mas mesmos estes continuam em liberdade.
     Ao analisarmos retrospectivamente o que foi feito durante os oito anos do governo Lula para aplicar o que determina a Constituição Federal brasileira de 1988 no que se refere à reforma agrária, o que se pode dizer é que o resultado foi no mínimo pífio. Isto se explica pelo fato de que o ex-metalúrgico e o PT decidiram colocar o seu governo a serviço do agronegócio agro-exportador. Ao fazer a opção pelo latifúndio, Lula e o PT se desvencilharam por completo dos seus compromissos históricos de que realizariam um amplo processo de reforma agrária, e apoiariam o desenvolvimento de um modelo de agricultura que preservasse os interesses nacionais, especialmente no que se refere à segurança alimentar e à distribuição mais equânime da riqueza nacional
      Assim foi que ao longo de oito anos de governo Lula tivemos um investimento maciço para os grandes proprietários rurais, enquanto que para a agricultura familiar, e para os assentamentos de reforma agrária de forma mais específica, sobraram migalhas. Isto tudo à revelia do fato óbvio de que é da agricultura familiar que se origina a maior parte dos alimentos consumidos pela população brasileira.  A conseqüência disto foi a manutenção de um processo constante de esvaziamento das áreas rurais, o que levou ao agravamento dos problemas de concentração da terra, e contribuiu para aumentar as tensões sociais nas periferias urbanas para onde migram os camponeses expulsos da terra.
    Entretanto, as ações contrárias à consolidação da reforma agrária não se restringem à esfera federal. Aqui mesmo em Campos dos Goytacazes, município onde se concentra o maior número de assentamentos de reforma agrária do estado do Rio de Janeiro, o apoio dado pela Prefeitura é praticamente nenhum. Isto ocorre em completa oposição ao tratamento que é dispensado aos latifundiários, que são beneficiados com constantes dragagens de canais cujo assoreamento é causado justamente pelas práticas anti-ecológicas que são utilizadas na monocultura da cana. Isto tudo se dá ao arrepio das evidências de que os assentamentos existentes no município se tornaram importantes celeiros de alimentos que abastecem até as regiões metropolitanas de Porto Alegre, Brasília e Belo Horizonte.
    Além disso, se não bastasse a falta de apoio, agora estamos na iminência de um grave golpe à reforma agrária sob a desculpa de contribuir com a viabilização do Corredor Logístico do Açu, já que a prefeitura de Campos está planejando colocar o novo traçado da BR-101 dentro das terras do Assentamento do Zumbi dos Palmares, onde hoje mais de 500 famílias vivem e trabalham na terra. A gravidade desta proposta fica evidenciada pelo fato do projeto do Grupo EBX para o chamado corredor logístico envolver o uso de uma faixa de terra de 400 metros de largura, o que, de cara, implicará na remoção de centenas de famílias dos lotes que hoje ocupam. Além disso, como a construção deste corredor será acompanhada de novos investimentos, a especulação de terras tratará de destruir o que ainda vier a sobrar do Zumbi dos Palmares.
     A verdade é que este imbróglio mostra de forma cabal como o Estado brasileiro lida com a reforma agrária e os interesses do grande capital. Apesar das terras dos assentamentos estarem sob jurisdição de um órgão federal, o presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) veio a Campos para se reunir com a prefeita Rosinha Garotinho, mas esqueceu de convidar os dirigentes do INCRA para a reunião. Tal omissão certamente não se deu por lapso de memória, e revela o caráter autoritário e ilegal desta proposta, cujo objetivo é claramente atender os interesses de Eike Batista e do Grupo EBX.
    Mas um mérito esta situação possui, que é o de nos propiciar um debate mais profundo sobre o modelo de desenvolvimento que queremos para a nossa região.  De um lado temos um mega-empreendimento cujos objetivos são guiados de fora e para fora da região e, de outro, temos outro que aponta para soluções de dentro para dentro. Em outras palavras, o que queremos ver nas terras do Zumbi dos Palmares: alimentos ou dutos e trilhos que trazem materiais para alimentar a fome de aço da China?  E que ninguém venha chamar os assentados de violentos e bandidos se eles decidirem defender suas terras: a maior violência já está sendo cometida contra o nosso futuro ao se propor esta barbaridade. 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O AVANÇO DOS PLANTIOS FLORESTAIS RIMA COM TRABALHO ESCRAVO E ALIMENTOS CAROS


A formulação da Agenda Brundtland que foi formulada em tese para aumentar a responsabilidade ambiental em todo o mundo teve como efeito direto a exportação de atividades poluentes e de alta demanda por terra e energia para os países do Terceiro Mundo. Hoje se vê que a distribuição de plantios florestais para a produção de celulose está concentrada em países como Brasil, China e Índia A explicação normalmente dada é que estes países possuem terras abundantes e água suficiente para o plantio de centenas de milhares de hectares de monoculturas de árvores destinadas á produção de celulose.

O Brasil tem se superado nesta conversão de terras agrícolas para o uso com plantios florestais. Esta situação tem contribuído para que vastas porções de nossos melhores solos fiquem estocadas para a produção de celulose ás custas de uma diminuição na área disponível para a produção de alimentos. Assim, não chega a ser surpresa que enquanto o preço da celulose despenca, o do arroz e do feijão não param de aumentar.

O pior é que a monocultura de celulose exige um alto uso de agrotóxicos, fertilizantes químicos e implica num alto consumo de água. Quando tomados em conjunto, estes fatores implicam na degradação ambiental de bacias hidrográficas inteiras, pois a contaminação não fica restrita às áreas de plantio, visto que os compostos tóxicos migram através do vento e da movimentação do lençol freático.

Por estas e outras é que a propalada salvação da região noroeste fluminense pela monocultura de eucalipto que foi utilizada pelo ex-ambientalista e deputado pelo PT/RJ, o secretário de meio ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, não passa de um engodo. Na prática o que poderemos assistir é um aumento sem precedentes dos problemas sócio-ambientais numa região que já não se encontra afetada por uma severa degradação ambiental de seus ecossistemas. E tudo isto para propiciar mais lucro para as papeleiras, especialmente a ARACRUZ/FIBRIA.


A GUERRA NA LÍBIA ESTÁ CADA VEZ MAIS COM CARA DE GUERRA DO QUE DE AJUDA HUMANITÁRIA






O fato de que Muammar Kadafi é um ditador que governa a Líbia com mão-de-ferro é mais do que estabelecido. O que não está estabelecido é a origem da oposição armada que hoje tenta derrubar o seu governo com o apoio da OTAN. Os próprios analistas do Pentágono desconfiam que nas fileiras da oposição líbia se encontram militantes da Al Qaeda.

As imagens de horror que aparecem de Misrata indicam que as tropas do governo de Kadafi estão mesmo praticando crimes de guerra. Mas a imprensa ocidental está sendo bem econômica em mostrar fotos das áreas que estão sendo bombardeadas pela OTAN.  Isto sem falar nas tais bombas de fragmentação que foram vendidas ao governo Líbio pela Espanha.

Para aumentar ainda a falta de crédito dos argumentos supostamente humanitários que guiam a agressão armada da OTAN, o Wikileaks disponibilizou informações de que os EUA sempre procuram o Papa para conter o repúdio contra ações como a guerra contra a Sérbia e a invasão do Iraque. Não seria de se surpreender que Bento XVI esteja neste momento tendo conversas com representantes da OTAN para não falar algo que comprometa essa aventura militar no norte da África.

E no final, os povos árabes vão ficar ainda mais certos de que os países ricos só se preocupam mesmo com uma coisa: o controle das reservas de petróleo. O resto é tudo conversa para boi dormir com pitadas de puro cinismo.

Ação na Aracruz representou um marco para o movimento ambientalista

21 de abril de 2011

Por Raquel Casiraghi
Da Página do MST













Mesmo com a abordagem bastante negativa feita pela mídia burguesa na época, a ocupação do horto florestal da Aracruz e a destruição das mudas, que completou cinco anos em 8 de março, conseguiram levar a discussão dos impactos da monocultura do pínus e do eucalipto para a população. Ambientalistas avaliam também que a ação das mulheres da Via Campesina, em 2006, foi um divisor de águas para o movimento ambientalista.
"Na hora, dentro das entidades, não conseguia se avaliar o que fazer. Me lembro que vinha, dos movimentos, solicitações de apoio formal. Nas organizações, se deu este debate de como iríamos apoiar, de como iríamos encarar esta situação porque, a partir dali, mudou tudo. Aquela ação foi um marco", diz 

Clarissa Trois Abreu, da organização não-governamental Amigos da Terra Brasil.
"Esta ação representou um 'corte' entre quem apoiava a iniciativa da Via Campesina e quem se assustava com as questões de propriedade privada e de pesquisa da empresa. Possibilitou o debate interno das organizações e auxiliou muito para que se posicionassem de forma crítica em relação às empresas e ao capital, essa compreensão do que é o agronegócio, juntou tudo, se formou uma frente", avalia Fernando Campos Costa, também da Amigos da Terra Brasil,
Para Clarissa, a ação das mulheres também contribuiu para que os movimentos sociais e os ambientalistas se unissem em torno do debate e da luta contra a monocultura dos eucaliptos. "Antes da ação, o movimento em si ainda não tinha também entrado na luta. Com aquela ação, o movimento mostrou que entrou com tudo. E a partir daí, ou todos se unem, já que a causa é a mesma de todos, ou não. O que aconteceu foi que os movimentos ambientalistas e social se aproximaram", avalia.
Os ambientalistas acreditam que entrada da Via Campesina no tema contribuiu na luta já travada contra a monocultura de eucalipto. Clarissa afirma que a ocupação do horto pelas mulheres criou o fato que faltava para que a população conseguisse vislumbrar o debate que até então se fazia contra a monocultura e os seus prejuízos. 
"Por mais que naqueles primeiros momentos a mídia convencional fez tudo para que o protesto prejudicasse a luta, isso ao longo do tempo foi sendo limitado e agora, cinco anos depois, a gente tem a nítida noção de que aquele momento foi importante. Foi criado o fato, foi colocado o marco, a 'estaca' que não se tinha. E que provavelmente o movimento ambiental não iria ter esse poder, essa força popular. A entrada da Via colocou a estaca, marcou, e criou a polêmica, acho que esse era também o objetivo. Agora, tanto tempo depois, a avaliação é positiva. A ação na Aracruz e a entrada da Via foi um marco da luta contra a monocultura", analisa.
A ação das mulheres da Via Campesina, diz Clarissa, também fez com que as entidades ambientalistas se posicionassem sobre a problemática da monocultura de eucalipto. “Com a ação na Aracruz, as organizações tiveram que se mostrar, se definir, o que não era um processo fácil internamente, já que as organizações também têm seus debates internos e seus não-consensos. A ação das mulheres foi um divisor de águas também para o movimento”, afirmou Clarissa.
Depois disso, o movimento social e as organizações ambientais que se juntaram e compartilhavam das mesmas visões seguiram construindo a luta juntos.

Celulose, cinco anos depois

Entre a ação das mulheres da Via Campesina na Aracruz, em 2006, e o estopim da crise financeira mundial, em 2008, as empresas fizeram grandes investimentos no setor da celulose.
“Tentaram mostrar muito poder, até por causa da ação das mulheres, criminalizar e se promover. Mostrar um ‘outro lado’ do setor, para que a sociedade ignorasse a ação das mulheres e criminalizasse. Usaram o dinheiro para se colocar na mídia como um fator importante e que iria trazer o desenvolvimento, tanto econômico como social e ambiental“, analisa Clarissa.
“Tinham um repertório grande de publicidade em parques, nos jornais. Foi reflexo da ação das mulheres”, lembra Fernando. 
Após a ação das mulheres, as três principais empresas do setor no Rio Grande do Sul – Aracruz, Votorantim e Stora Enso – expandiram seus negócios e seus plantios até 2008. Foi neste ano, com o estouro da crise financeira mundial, que as empresas, principalmente a Aracruz, que na época foi acusada até mesmo pelo governo brasileiro de fazer especulação financeira, paralisaram seus investimentos no estado.
Em 2009, o preço da celulose, taxado em dólar no mercado internacional, caiu, bem como o da lenha e o da madeira. Com isso, todos que tinham expectativa de fazer muito dinheiro também perderam.
“A falência da Aracruz só foi mais uma conseqüência da crise. Mas, por outro lado, também gerou uma oportunidade de negócio, já quem que com a quebra dela foi criada a Fibria [empresa resultante da fusão entre a Aracruz e a Votorantim], então não foi de todo prejudicial. Por mais que no mercado local as pessoas que apostaram nesse projeto foram prejudicadas, a empresa em si acabou criando uma ótima oportunidade de negócio para outras empresas que tinham condições de bancar. Assim, veio a Fibria, que ficou maior do que a própria Aracruz”.
No entanto, este negócio, que é positivo para as empresas, não refletiu na geração de emprego nem no desenvolvimento e no crescimento regional, dos municípios.
Atualmente, não há notícias de que as empresas estejam comprando grande quantia de terras no Rio Grande do Sul. A empresa chilena CMPC assumiu a fábrica da Aracruz na cidade de Guaíba, região metropolitana, e as demais estruturas da empresa. Ainda há a Stora Enso, que desistiu – pelo menos momentaneamente - de implementar uma fábrica de celulose no estado, ficando somente com as terras que tinha comprado, migrando para o Uruguai e para o projeto da Veracel na Bahia.
“Muito por conta da antipatia que eles tiveram, junto à opinião pública, de ser uma empresa estrangeira e ter comprado terras na faixa de fronteira. Ainda teve a ação das mulheres da Via Campesina em 2008 na área da empresa em Rosário do Sul, em que dezenas ficaram feridas após uma ação violenta da Brigada Militar. Isso, para a imagem da empresa, foi complicadíssimo”, opina Clarissa.

Monocultura contra Reforma Agrária

Para Clarissa Trois Abreu, da ONG Amigos da Terra, o primeiro impacto da expansão das monoculturas do Rio Grande do Sul pôde ser verificado na disputa das empresas por terras que seriam destinadas à reforma agrária.
“A partir de 2004, com a compra de terras pelas empresas, o que mais se sentiu de imediato foi bater de frente com a questão da Reforma Agrária, pois disputaram os mesmos territórios. Até podemos lembrar aquela situação da Fazenda Southall [São Gabriel, Fronteira Oeste do RS], em que o proprietário, na época, oferecia a área tanto para o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) quanto para a Aracruz”.
Antes do impacto ambiental, ficou mais clara a disputa por território, pois as empresas pretendiam comprar áreas na metade Sul gaúcho e ali já tinha todo o processo de democratização da terra, que já vinha muito antes. “O preço da terra subiu bastante, paralisando a Reforma Agrária”, avalia a ambientalista.
Em relação ao meio ambiente, Clarissa lembra que os órgãos ambientais dos governos não estavam preparados para licenciar milhares de hectares de terra das empresas em tão pouco tempo, o que provocou com que o setor da celulose dissesse que estavam emperrando o processo.
Ela também relembra toda a mobilização de organizações ambientais, movimentos populares e cientistas para que fosse feito o zoneamento ambiental da silvicultura no estado, a fim de proteger os biomas naturais da monocultura, e a pressão dos setores do agronegócio, da celulose e do próprio governo Yeda Crusius para facilitar os plantios.
“Resultou no zoneamento que a gente tem hoje, que não conseguiu restringir o plantio exatamente nas áreas naturais mais frágeis, muitas por problema de solo e de deficiência hídrica, que é o caso da Metade Sul do estado, a mesma região que atualmente sofre muito com a estiagem. Não é a toa que o zoneamento diz que é uma região frágil e que teria que ter limitação”, diz a ambientalista. 
 Fonte: http://www.mst.org.br/node/11625



Brasil fica em último em ranking sobre diplomas universitários

Para concorrer em pé de igualdade com as potenciais mundiais, o Brasil terá que fazer um grande esforço para aumentar o percentual da população com formação superior. Levantamento feito pelo especialista em análise de dados educacionais Ernesto Faria, a partir de relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), coloca o Brasil no último lugar em um grupo de 36 países ao avaliar o percentual de graduados na população de 25 a 64 anos.
Os números se referem a 2008 e indicam que apenas 11% dos brasileiros nessa faixa etária têm diploma universitário. Entre os países da OCDE, a média (28%) é mais do que o dobro da brasileira. O Chile, por exemplo, tem 24%, e a Rússia, 54%. O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa, disse que já houve uma evolução dessa taxa desde 2008 e destacou que o número anual de formandos triplicou no país na ultima década.

- Como saímos de um patamar muito baixo, a nossa evolução, apesar de ser significativa, ainda está distante da meta que um país como o nosso precisa ter -  avalia.


Para Costa, esse cenário é fruto de um gargalo que existe entre os ensinos médio e o superior. A inclusão dos jovens na escola cresceu, mas não foi acompanhada pelo aumento de vagas nas universidades, especialmente as públicas. Costa lembra que o próximo Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece como meta chegar a 33% da população de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior até 2020.
Segundo ele, esse patamar está, atualmente, próximo de 17%. Para isso será preciso ampliar os atuais programas de acesso ao ensino superior, como o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que aumentou o número de vagas nessas instituições, o Programa Universidade para Todos (ProUni), que oferece aos alunos de baixa renda bolsas de estudo em instituições de ensino privadas e o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), que permite ao estudantes financiar as mensalidades do curso e só começar a quitar a dívida depois da formatura. 

Os números da OCDE mostram que, na maioria dos países, é entre os jovens de 25 a 34 anos que se verifica os maiores percentuais de pessoas com formação superior. Na Coreia do Sul, por exemplo, 58% da população nessa faixa etária concluiu pelo menos um curso universitário, enquanto entre os mais velhos, de 55 a 64 anos, esse patamar cai para 12%. No Brasil, quase não há variação entre as diferentes faixas etárias. 

A defasagem em relação outros países é um indicador de que os programas de inclusão terão que ser ampliados. Segundo Costa, ainda há espaço – e demanda – para esse crescimento. Na última edição do ProUni, por exemplo, 1 milhão de candidatos se inscreveram para disputar as 123 mil bolsas ofertadas. A pesquisadora da USP, Elizabeth Balbachevsky,  sugere que os critérios de renda para participação no programa sejam menos limitadores, para incluir outros segmentos da sociedade. 

- Os dados mostram que vamos ter que ser muito mais ágeis, fazer esse movimento com muita rapidez porque, infelizmente, nós perdemos quase um século de investimento em educação. A história nos mostra que a Europa e outras nações como os Estados Unidos e, mais recentemente, os países asiáticos avançaram porque apostaram decididamente na educação. O Brasil decidiu isso nos últimos anos e agora trabalha para saldar essa dívida -  disse a pesquisadora. (Fonte/ Agência Brasil)