Existem atualmente poucas vozes nos municípios de Campos e São João da Barra que ousam confrontar o dogma dominante de que Eike Batista e o seu Grupo EBX chegaram em nossas terras para criar um futuro melhor para todos e nos libertar dos grilhões do atraso econômico. Mas será que as práticas e costumes do bilionário brasileiro, que um dia já teve seu nome mostrado numa coleira pela ex-esposa Luma de Oliveira em pleno Sambódromo, são garantidores da confiança que nele está sendo depositada?
Se levarmos em conta diversos episódios que marcam as práticas comerciais do Grupo EBX a resposta é um sonoro não. É que além de ter sido convidado a se retirar da Bolívia, o Grupo EBX coleciona processos em diferentes regiões brasileiras, justamente por exercitar as mesmas práticas que estiveram no "ponha-se daqui para fora" na Bolívia.
Por outro lado, eu diria que qualquer adesão acrítica aos sonhos oferecidos por Eike Batista poderá custar caro aos que o fazem. Afinal de contas, daqui a pouco os efeitos da verdadeira corrida pelo ouro que está ocorrendo na região do Açu deverão recair sobre o poder público municipal, numa relação desproporcional entre a acumulação dos bônus da empreitada e a distribuição de seus custos sociais, econômicos, políticos e ambientais.
Assim, o mais correto seria que se estabelecesse o devido ambiente de cautela, e mais do que isto, de cobranças objetivas tanto ao Grupo EBX quanto ao governo do estado do Rio de Janeiro de como os efeitos deletérios que inevitavelmente decorrerão da instalação do Complexo Portuário-Industrial do Açu. Sem isto, o que parece uma dádiva certamente se transformará num grande pesadelo, onde as principais vítimas serão os mesmos de sempre, os pobres e as populações tradicionais.