Porto do Açu: manifestantes irão se reunir com representante da LLX, segundo a PM
CAMPOS — Mais de 50 homens do 8º Batalhão da Polícia Militar de Campos estão neste momento na localidade de Pipeira 5º Distrito de São João da Barra, no Norte Fluminense, que dá acesso ao Porto do Açu. O comando em Campos teria recebido ordem para desobstruir as quatro estradas que dão acesso ao local. Os produtores rurais protestam contra a desapropriação de suas terras para a construção do Porto do Açu. O major Maxwell, que comanda os policiais que estão no local, conseguiu que um representante da LLX, empresa responsável pelo porto, se reúna com os manifestantes. A Tropa da Choque da PM em Campos estaria de sobreaviso para intervir. Na área dos piquetes, já existem reboques e pelo menos quatro caminhões de combate a incêndio do Corpo de Bombeiros de Campos.
O vice-presidente da Associação dos Produtores Rurais e Imóveis de São João da Barra (Asprin), Rodrigo Santos disse que apesar do grande aparato policial o clima não é tenso. Ele acrescentou que os produtores rurais estão dispostos a manter os piquetes. Os advogados Jailson Damasceno e Antônio Maurício Costa foram chamados pelos agricultores para ajudar nas negociações.
As obras no Complexo Portuário do Açu, empreendimento do empresário Eike Batista que deve resultar no terceiro maior porto do mundo, estão totalmente paralisadas desde a madrugada desta segunda-feira. Os trabalhadores do turno da manhã não conseguiram entrar no canteiro de obras depois que produtores rurais do distrito de Cajueiro, no município de São João da Barra, bloquearam as estradas de acesso com carroças, madeiras e animais. Caminhões que estavam levando materiais para as obras foram retidos nas barreiras montadas pelos agricultores.
O protesto começou por volta de 4h e ocorre contra a desapropriação feita pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin) nas terras destes agricultores para permitir obras de infraestrutura do acesso ao porto. Eles reclamam que as desapropriações foram feitas aleatoriamente e que a maior parte ainda não recebeu as indenizações e querem negociar diretamente com Eike. Ao todo, são cerca de 1.500 famílias que têm em média, cada uma, quatro hectares de terra.
O vice-presidente da Associação dos Produtores Rurais e Imóveis do Município de São João da Barra (Asprim), Rodrigo Santos, disse que, sem diálogo, o movimento pode se estender até sexta-feira.
-Os produtores rurais querem ter o direito de até não vender a terra se acharem que não devem vender. O grupo do Eike já tem o suficiente para o complexo do porto - afirmou. - Vamos permanecer aqui até negociarmos diretamente com a direção da LLX responsável pela construção do porto - disse ainda.
Os proprietários fazem um churrasco coletivo nos pontos de piquete. A Polícia Militar está no local.
-Os produtores rurais estão doando bois e o churrasco é para alimentar os companheiros que vão se revezar nos piquetes – disse Santos.
A LLX informou ter pedido aos funcionários que não se desloquem para o porto nesta segunda. A empresa diz que a paralisação não traz problemas porque as obras estão adiantadas. A empresa diz ainda que está aberta para negociar, mas que a área foi desapropriada pelo Governo do Estado.
No fim de março, cerca de 300 homens que trabalham na construção do terminal marítimo de minério de ferro do Porto do Açu bloquearam com pneus e galhos de árvores a estrada que dá acesso ao porto. Eles reivindicavam o pagamento do adicional de 30% de periculosidade e aumento salarial. A greve foi encerrada um dia depois do início do movimento, após acordo com a empresa.
O Porto do Açu deve se tornar o terceiro maior do mundo com investimentos de R$ 787 milhões previstos somente neste ano. A previsão é que comece as atividades no segundo semestre de 2012.