domingo, 13 de março de 2011

REITOR DA UENF PARALISA BANDEJÃO APÓS DENÚNCIA AO MINISTÉRIO PÚBLICO

Desolado, construtor culpa Uenf por atrasos
Desolado, construtor culpa Uenf por atrasos
Na sexta-feira, dia 4/02, no apagar das luzes para o recesso de Carnaval, o contrato com a construtora Zuhause, responsável pela obra do “Bandejão”, foi subitamente rescindido pela reitoria da Uenf.
A rescisão contratual teria sido motivada pelo pacote de denúncias feitas pelo jornalista Roberto Barbosa ao Ministério Público Estadual, entre elas o emblemático histórico da obra do restaurante universitário.
No último dia 04 de março, a prefeitura da Uenf enviou o ofício 011/11 ao diretor da Zuhause, engenheiro Luiz Carlos Siqueira, no qual informa que o contrato nº 020/2008 para a execução das obras de construção dos prédios do Restaurante Universitário no campus da Uenf foi rescindido e que, portanto, os serviços deveriam ser imediatamente paralisados, com a retirada da Zuhause Construtora Ltda do canteiro e liberação da obra para a Universidade. O ofício foi assinado pelo gerente de projetos de engenharia Luiz Gabriel Sarmet Moreira Smiderle, acusado pelo proprietário da Zuhause como o maior responsável pelos atrasos na obra, e pelo reitor Almy Jr.
Construtor: “O reitor agiu com fins eleitoreiros”
Em entrevista à Somos, publicada na edição de hoje, o diretor da Zuhause disse que foi um ato eleitoreiro do reitor e que a empresa serviu como bode expiatório diante das denúncias de irregularidades feitas no Ministério Público, questionando os estranhos atos da administração da Universidade.
Trechos da entrevista do engenheiro Luiz Carlos Siqueira, proprietário da Zuhause, à revista Somos desse domingo:
…Luiz Carlos: Ele (o reitor) diz que não está aceitando a prorrogação de obra, quando na realidade a prorrogação de obra agora é consequência do relatório de atraso anterior. Então, 60 dias hoje, não são 60 dias hoje. São de 12 meses atrás, porque a obra ficou quatro meses parada, de janeiro a abril de 2010, simplesmente porque eles não queriam empenhar o valor da obra, coisa que é obrigatória por lei. Nós ficamos de janeiro a abril discutindo isso. Eu dizia que não fazia a obra sem empenho e eles diziam que não podiam empenhar.
S.A.: Não podiam empenhar por quê?
Luiz Carlos: Não sei. Sei que não podiam. Em abril eu dei um voto de confiança a eles. Que não devia ter dado… Nós fizemos aquele famoso retiro até novembro, e aí problemas aconteceram e não ficou pronto.
S.A.: No relatório você diz que atrasou a ferragem das sapatas.
Luiz Carlos: A definição das ferragens era obrigação do Gabriel entregar rapidamente, mas ele atrasou uma eternidade, além de mudar toda a obra.
S.A.: Esse projeto era do Gabriel ou ele só administra?
Luiz Carlos: Eu não sei como ele fez internamente, se foi de graça, por ele ser engenheiro da Uenf, ou se cobrou por fora da Uenf. Mas foi ele quem fez.
S.A.: Ele é o técnico responsável?
Luiz Carlos: É o gerente de projetos. O gerente de primeiro nível estadual é ele. O gerente.
S.A.: Atrasaram também as formas e ferragens das cintas. Essas sucessões de atrasos você credita a quê?
Luiz Carlos: No DCE, por exemplo, eles demoraram um tempo enorme para definir onde seria, e o projeto. Recreando, um prédio pequeno ao lado, eles demoraram uma eternidade para decidir onde seria e como seria o projeto. Quanto ao restaurante em si, existiam ali quatro barracões a serem demolidos, em dezembro de 2008 ou 2009, não lembro. Só nove meses depois eles tiraram três barracões. Só que ficou um biotério que me atrapalhava a fazer as sete sapatas do restaurante, eu tive que esperar um tempo adicional para que tirassem o barracão e eu pudesse fazer as sapatas.
… S.A.: Foi dito que Paulo Maia mandava fazer uma coisa, outro mandava fazer outra e que ia mudando o projeto. Como é isso?
Luiz Carlos: O corpo interno da Uenf é muito dissidente. Não existe uma harmonia completa ali dentro. As pessoas também, embora elas não queiram melindrar umas às outras, às vezes, por necessidade, são obrigadas a tomar decisões, ou já tomaram. Não é um corpo muito unido. Existem algumas mesas ali que me parecem mesmo a favor do reitor, mas se unem em objetivos diferentes.
S.A.: Em outra conversa que tivemos você disse que algumas coisas não foram feitas regularmente, ou totalmente legais, como é isso?
Luiz Carlos: Isso está dentro do processo administrativo, mas eu prefiro levar à justiça e não entrar em detalhes aqui. Existe um monte de coisas ali que podem ser julgadas como improbidade administrativa. Mas não serei eu que irei julgar.
S.A.: Na verdade, quando a gente faz uma matéria assim, também não julgamos. Mas o que pode ser considerado improbidade administrativa?
Luiz Carlos: Por exemplo, os projetos Recreando e DCE foram alterados; teriam que ter sido, também, alterados no contrato e não foram.
S.A.: Houve diminuição de custo do projeto?
Luiz Carlos: Aumento e diminuição. Isso aí a justiça vai julgar.
… S.A.: Você está com o sentimento de ter sido traído?
Luiz Carlos: Não vou dizer traído. Eu fui usado como a saída mais fácil.

..SA: Qual será a sua linha de defesa?


Luiz Carlos: Justiça comum. O que o juiz achar que tem que mandar para o Ministério Público eu irei mandar. Vou brigar por todos os meus direitos e vamos ver o que será julgado, o que é direito de quem.